terça-feira, 4 de junho de 2013

A dor do que traiu




Um simples homem, sem grandes perspectivas e concepção nenhuma de qual rumo teria sua vida, de súbito, passou a experimentar caminhos diferentes dos quais nunca havia trilhado. Corajoso e dono de uma espontânea motivação, permitira ao seu coração o alento de palavras que, não só o comovia, mas o impulsionava a querer adentrar ainda mais este caminho que, embora avisado, não possuía tanta noção.

Alimentou-se do melhor banquete e a água que lhe saciava a sede oriunda da fonte que, em estação nenhuma, cessava de jorrar. Titubeou nalguns momentos, porém, não arrefeceu a totalidade de suas forças. Com humildade aceitou as advertências e tomou nota das lições que lhe proporcionou crescimento e o conduziu ao aprendizado. Assim, foi firmando sua identidade, sua crença; tornou-se convicto.

O tombo inesperado haveria de acontecer! O perigo jazia às portas! O medo assuntava querendo roubar-lhe a “velha “ convicção; buscando equilíbrio em alguma base firme, sentia os pés pesados arrastarem-se ao chão.  E agora, o que poderia aquele homem fazer? Escondeu-se para não ser reconhecido, entretanto, não observou o adentrar da madrugada que tocava sua face fria.

Terrível foi o choque que sofreu o seu coração ao ouvir o galo cantar! Imaginou os olhos do seu melhor Amigo mirando seu olhar. A amargura feriu suas entranhas que, com o coração dilacerado o fez chorar! Reduzido à solidão, sem base que o pudesse sustentar, sentindo-se uma ignóbil criatura resignou-se ao silêncio, ao pensar.

Suicidar-se? Jamais!
Com verdadeiro arrependimento, superou a si mesmo, retomou seus passos e recobrou sua identidade, tornando-se, sem hesitar, um legítimo e fiel seguidor daquele a quem traíra; daquele que foi seu Caminho, Verdade e Vida, por toda estadia até que a terra lhe amparou e o céu o acomodou.


(Liliana Almeida)

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