quinta-feira, 26 de abril de 2012

És incógnita!

O poema a seguir foi feito especialmente para mim. Por sentir-me honrada e excepcionalmente feliz, aqui compartilho com vós. Trata-se de uma composição de um grande amigo e poeta: Felipe Carbon

“De certo, teus olhos talvez não saibam o destino que plantam as estrelas...
Mesmo que teu corpo grite e diga, jamais saberei o segredo que escondem teus olhos.
Tua fala, amiga, não revela a menina que te beija...


És incógnita..
Mistério a ser desvendado ao longo de vários poemas...
Ah, amiga...

Não devemos antecipar o que não veio
Nem tão pouco sonhar o que se foi...

A vida é um livro a ser escrito
Por teus dedos, eu sei e tu bem sabes, escorrerem finos fios de poesia...

És incógnita...
Mistério a ser desvendado ao longo de vários poemas...”




quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sugador de almas


O mundo é um deserto e nele há os conformados que se contentam com qualquer gota d’água. Não conhecem o caminho além e, se prostram onde pisam sem expectativas. A alma é ressequida e sente-se aliviada com as misérias que a terra árida lhes oferece.

Pobres mortais, encantadoras e ingênuas! Não enxergam a falta de valor das migalhas que lhes são atiradas...

Vivem à mercê das palavras ensaiadas ditas a todas, sem permitir-se a preocupação em conhecer a sensibilidade e essência de cada uma.

Para ele, todas são iguais, não há nome, forma, encanto, singularidade. Chamam-nas de “alma” e, assim, todas vão vivendo do engano das articulações de palavras repetidas sem propriedade e significado em si mesmas.  Em um momento a fantasia, em outro o lamento.

Versão anímica retratando os destroços do egoísmo humano é o que és. A ignorância de almas ingênuas é teu alimento e, desta forma, farta-se, sem cerimônias, da estupidez acentuada, sobretudo, do ser desprotegido e carente; nutri o ego e o campo obscuro do teu âmago com as urgências sentimentais da volúpia feminina. Concomitante com a falta de conhecimento do verdadeiro sentimento, as domina com teus ridículos textos que mais se assemelham às pirotecnias verbais desprovidas de quaisquer sentidos reais e salutares.

Não há nenhum mistério em ti que atraia, há somente um raso pensamento que ludibria e encandeia a visão limitada de almas néscias. É merecedor de escárnio o cordão que traças para enlaçar parvos.  O mundo inferior é teu recanto mesmo; continues falando das estrelas, é o que consegues fazer, pois é certo que nunca as alcançarás.

Ô ignorância gritante esta que carregais vós, sexo frágil. És instável na mente, além do coração. Rebaixa-se, gabando-o; não tens vida, mas sustenta vivo a altivez do ser incomplacente que é ele. Não há jeito para vós, esta é vossa condenação em todos os tempos passados e os que virão.

Não pinte de anjo este demônio disfarçado. Encare-o tal qual ele é: Sugador de almas.



Liliana Almeida
21 de Fevereiro de 2012


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Zumbi






Nenhum espírito me possui
Não há mais revelação
O pesadelo diário sumiu
O sonho virou imaginação.
Perdi  a pureza, me perdi.
O passo seguinte, desconheci;
Das coisas vindouras, já não sei mais,
A profecia, visão, dons, ficaram para trás.
Desnorteado sigo por aí
No grande “buraco” sujeito cair
A morte se aproxima? Não consigo sentir!
Alma nua esperando o porvir.

Liliana Almeida
24 de Janeiro de 2012










Miragem




Imagem que te atrai, compra, assalta.
Te faz crer, ler signos, sinais escondidos.
Verdade em entrelinhas ofuscando a mente
Refletindo, ganhando, olhos brilhando.


Consciência imediata, sentimento, impressão;
Arrebata os sentidos, emoção, razão.
Desmancha no ar a qualidade, equidade, originalidade.
Sobra no escuro o real, exatidão, veracidade






Foto, leitura, texto gigante, imaginação;
Linguagem incorporada num corpo sem ação.
Ótica sem fibra firmando opinião;
Imagem, sonho, devaneio, ilusão.







Liliana Almeida
14 de Fevereiro de 2012





























quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ser retrógrado

Inumano




Se for agouro, nada me diz que manifeste desgraça, morte. Ademais, a morte é acentuada em disfarçadas camadas da vida, chega sorrateiramente, faz estrago no âmago dos que permanecem neste plano.
Não sofro de nenhuma doença anímica, ou sofro. Afinal, o que é o ser pensante sem as perturbações que lhes arrastam pela vida?
Porém, a modernidade achar-me-á obsoleto, afinal, o “mundo” hodierno é pragmático; pessoas resolvidas, bem ensaiadas, visão firme no alvo desejado, não toscaneja e tem tudo compartimentado; são automáticas, mais metódicas que as máquinas. Tão evoluídas, que ser humano está fora de uso, é estupidez; inteligente é assemelharem-se às máquinas e com elas competir os sentimentos.
Assim sendo, reflexão é somente devaneio mental. Dito por “intelectual” da modernidade: “é viajar na maionese”. Ora, incrível! Uma definição alongada em verdades profundas que refletem, brilhantemente, a excelência de tal modernidade.
Meus amigos, ao contrário de vós, fui desenvolvido em um “programa” que se fez ultrapassado, não há meio de recuperação; não encontro nenhum dispositivo automático que me lance a acompanha-los em conexão. Sim, sou retrógrado!

Liliana Almeida
28 de Março de 2012