terça-feira, 26 de julho de 2016

Um Não Eu.

Eu não tenho fé em mim, não tenho fé nos outros, não tenho fé em Deus.
Eu não tenho fé.

Fui tão destroçada de dentro para fora e de fora para dentro que nem sei onde procurar os pedaços de mim. Se eu encontrar alguns, nem reconhecerei!

Com tantos pedaços triturados, tornei-me sem facção, clã, religião. Não atraente à Deus ou ao diabo, não pertencente ao céu ou inferno. Nem caminhante no limbo sou, pois não pertenço à margem. Se na margem houvesse uma orla, ainda assim não faria parte. Não sou símbolo de opostos e se nos opostos houvessem avessos, ainda assim não o seria.

Se não sou, não pertenço, não tenho: não vou.
Eu só sinto. Dor. Em partes que já me foram arrancadas, sinto dor.
Lastimo, penso e sei que nem existo.
No mundo, vegeto.

Inerte, vislumbro um eu que não posso ser.


(Liliana Almeida)

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