Eu não tenho
fé.
Fui tão
destroçada de dentro para fora e de fora para dentro que nem sei onde procurar
os pedaços de mim. Se eu encontrar alguns, nem reconhecerei!
Com tantos
pedaços triturados, tornei-me sem facção, clã, religião. Não atraente à Deus ou
ao diabo, não pertencente ao céu ou inferno. Nem caminhante no limbo sou, pois
não pertenço à margem. Se na margem houvesse uma orla, ainda assim não faria
parte. Não sou símbolo de opostos e se nos opostos houvessem avessos, ainda
assim não o seria.
Se não sou,
não pertenço, não tenho: não vou.
Eu só sinto.
Dor. Em partes que já me foram arrancadas, sinto dor.
Lastimo,
penso e sei que nem existo.
No mundo,
vegeto.
Inerte,
vislumbro um eu que não posso ser.
(Liliana Almeida)
Nenhum comentário:
Postar um comentário