segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ignorada comunhão


“Tenho uma preocupação séria a compartilhar com vocês, meus amigos, pela autoridade de Jesus nosso Senhor. Tentarei ser o mais direto possível: vocês precisam aprender a entrar em acordo. Devem ter consideração uns pelos outros, cultivando a vida em comum.” (I Co 1;10 – A  Mensagem)


          Houve um tempo em que a comunhão era preciosa entre os pares, entre os irmãos.  A dor sofrida por um era sentida por todos e, em momentos assim, mesmo que as palavras fossem dispensadas, o silencio transmitia fidedigno os sentimentos que fortaleciam as relações. O encontro das almas era verídico e isso significava muito e bastava; subsequentemente, era como as águas que sobravam dos rios e corriam saudavelmente aos mares. Tudo era soma!
       O perder de um, era a tristeza de todos; a alegria de algum, a todos contagiava. Não faltava a relevância; todos tinham sua significância. Em uma multidão de cem, a ausência de uma era arrasadora aos corações; as noventa e nove aguardavam o resgate da amiga perdida com emoção. Era um tempo em que havia disposição para o perdão.
          Porém, nestas mutações hodiernas, o tempo levou consigo a comunhão! A humanidade se perde! O amor compromete-se com o descaso; a amizade vibra por interesse próprio; as relações falindo cada vez mais. Hoje, minha tristeza não o sensibiliza, sua alegria não me faz festejar; minha dor não o comove, suas lágrimas não me fazem chorar.
        Vivemos em um tempo em que calar às agressões é covardia, amar é estupidez, perdoar é fraqueza! A comunhão preside enquanto for de interesse das partes beneficiar-se de alguma forma; o crivo da clareza, pureza e nobreza deixou de existir; tudo tornou-se uma mistura tóxica, um lixo químico que inflama e corrói e que em qualquer instante, pode explodir. A satisfação da irmandade foi deixada para trás; a comunhão deixou de existir.
         Deixamos de observar o Cristo, mesmo quando anunciamos o Céu e, assim, nos assemelhamos ao senso comum caminhando a passos largos, em um caminho largo, almejando, sozinho, o primeiro lugar.


(Liliana Almeida)

Nenhum comentário:

Postar um comentário