segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mantendo a esperança frente às tempestades


“ E, não aparecendo, havia já muitos dias, nem sol nem estrelas, e caindo sobre nós uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos.” (Atos 27:20)



Em toda nossa trajetória de vida, se considerarmos os verbos “sofrer”, “chorar”, “perder”, nos tempos pretérito perfeito e/ou pretérito imperfeito encontraremos uma constante, seja por um motivo ou outro. A vida é bem assim, às vezes chega com algumas interrupções que parecem ser fatais. Não é por sermos filhos e servos de Deus que teremos uma vida sempre ajustada.

Esta realidade nos inquieta sobremaneira! Os que já experimentaram a amargura, especialmente, não desejam outra coisa que não seja satisfação. Uma vida de percalços, opressões, misérias, desenganos, não é própria para um cristão.

Enganamo-nos! Ao voltarmos nossa atenção para a bíblia, encontramos um homem que tinha sua vida dedicada à causa do evangelho de Cristo deparando-se com as mais terríveis situações e, tantas vezes, perigo de morte. Lucas, relata em Atos 27 a trajetória deste servo de Cristo lutando pela sobrevivência ao enfrentar a “fúria” de uma violenta tempestade que parecia não ter fim. Cenário em que o sol e as estrelas foram constrangidos a não aparecer, deixando, assim, o servo do Senhor e os seus companheiros sem esperança de salvação.

As tempestades e as densas trevas afugentam a esperança! Elas sugam a nossa força e sufocam-nos até fazer da dor, doença crônica; emoção debilitada, pressão anímica e variadas inquietações passam a reger o nosso contexto de vida. A esperança de nos salvarmos parece não existir. E agora?

 “[...] A noite esfriou / o dia não veio / o bonde não veio / o riso não veio / não veio a utopia / e tudo acabou / e tudo fugiu / e tudo mofou / e agora, José?” (Drummont)

Porém, o servo de Cristo, ainda em tempo, com toda força e empolgação dadas pelo Espírito Santo, levanta-se e, com a alma já renovada, diz: “Admoesto-vos a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós...” (v. 22).

Assim sendo, parafraseando Santo Agostinho, podemos dizer: Só na graça da tua misericórdia, ó Senhor, colocamos toda a nossa esperança!


(Liliana Almeida)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Andarilho





Preso a um mundo, vagabundo;
Vagando por dias sem fim
À procura de um novo rancho
Ninho, repouso, morada, enfim.

Não conhece a crença, Deus?
Universo sem explicação, sem chão;
Estrelas, planetas, cometas, cosmovisão.
Pegadas presas em um mundo de cão.

É só miragem e assombração
Num eterno deserto de enganação
Rosto suado, cansado, perde a visão;
Morre o que bate no peito, coração!

(Liliana Almeida)

terça-feira, 4 de junho de 2013

A dor do que traiu




Um simples homem, sem grandes perspectivas e concepção nenhuma de qual rumo teria sua vida, de súbito, passou a experimentar caminhos diferentes dos quais nunca havia trilhado. Corajoso e dono de uma espontânea motivação, permitira ao seu coração o alento de palavras que, não só o comovia, mas o impulsionava a querer adentrar ainda mais este caminho que, embora avisado, não possuía tanta noção.

Alimentou-se do melhor banquete e a água que lhe saciava a sede oriunda da fonte que, em estação nenhuma, cessava de jorrar. Titubeou nalguns momentos, porém, não arrefeceu a totalidade de suas forças. Com humildade aceitou as advertências e tomou nota das lições que lhe proporcionou crescimento e o conduziu ao aprendizado. Assim, foi firmando sua identidade, sua crença; tornou-se convicto.

O tombo inesperado haveria de acontecer! O perigo jazia às portas! O medo assuntava querendo roubar-lhe a “velha “ convicção; buscando equilíbrio em alguma base firme, sentia os pés pesados arrastarem-se ao chão.  E agora, o que poderia aquele homem fazer? Escondeu-se para não ser reconhecido, entretanto, não observou o adentrar da madrugada que tocava sua face fria.

Terrível foi o choque que sofreu o seu coração ao ouvir o galo cantar! Imaginou os olhos do seu melhor Amigo mirando seu olhar. A amargura feriu suas entranhas que, com o coração dilacerado o fez chorar! Reduzido à solidão, sem base que o pudesse sustentar, sentindo-se uma ignóbil criatura resignou-se ao silêncio, ao pensar.

Suicidar-se? Jamais!
Com verdadeiro arrependimento, superou a si mesmo, retomou seus passos e recobrou sua identidade, tornando-se, sem hesitar, um legítimo e fiel seguidor daquele a quem traíra; daquele que foi seu Caminho, Verdade e Vida, por toda estadia até que a terra lhe amparou e o céu o acomodou.


(Liliana Almeida)