quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sugador de almas


O mundo é um deserto e nele há os conformados que se contentam com qualquer gota d’água. Não conhecem o caminho além e, se prostram onde pisam sem expectativas. A alma é ressequida e sente-se aliviada com as misérias que a terra árida lhes oferece.

Pobres mortais, encantadoras e ingênuas! Não enxergam a falta de valor das migalhas que lhes são atiradas...

Vivem à mercê das palavras ensaiadas ditas a todas, sem permitir-se a preocupação em conhecer a sensibilidade e essência de cada uma.

Para ele, todas são iguais, não há nome, forma, encanto, singularidade. Chamam-nas de “alma” e, assim, todas vão vivendo do engano das articulações de palavras repetidas sem propriedade e significado em si mesmas.  Em um momento a fantasia, em outro o lamento.

Versão anímica retratando os destroços do egoísmo humano é o que és. A ignorância de almas ingênuas é teu alimento e, desta forma, farta-se, sem cerimônias, da estupidez acentuada, sobretudo, do ser desprotegido e carente; nutri o ego e o campo obscuro do teu âmago com as urgências sentimentais da volúpia feminina. Concomitante com a falta de conhecimento do verdadeiro sentimento, as domina com teus ridículos textos que mais se assemelham às pirotecnias verbais desprovidas de quaisquer sentidos reais e salutares.

Não há nenhum mistério em ti que atraia, há somente um raso pensamento que ludibria e encandeia a visão limitada de almas néscias. É merecedor de escárnio o cordão que traças para enlaçar parvos.  O mundo inferior é teu recanto mesmo; continues falando das estrelas, é o que consegues fazer, pois é certo que nunca as alcançarás.

Ô ignorância gritante esta que carregais vós, sexo frágil. És instável na mente, além do coração. Rebaixa-se, gabando-o; não tens vida, mas sustenta vivo a altivez do ser incomplacente que é ele. Não há jeito para vós, esta é vossa condenação em todos os tempos passados e os que virão.

Não pinte de anjo este demônio disfarçado. Encare-o tal qual ele é: Sugador de almas.



Liliana Almeida
21 de Fevereiro de 2012


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